...o que será visto a seguir, trata-se de uma série de posts que pretendo fazer acerca do impacto que a produção de ferramentas trouxe à evolução dos homo sapiens... Espero que gostem:
...E ENTÃO: EIS A FERRAMENTA!
As ferramentas já estão presentes antes mesmo do gênero homo, a criação destas, dentro de nossa linhagem, comumente é atribuída como obra inicial dos Homo habilis, espécie encontrada em sítios, que remontam tanto ao período plioceno quanto ao pleistoceno próximos a ferramentas líticas, indicando que tal espécie fabricasse ferramentas a partir de fragmentos de rochas.
No cinema, o antológico "2001: uma odisséia no espaço", de direção de Stanley Kubrick, que escreveu o roteiro em parceria com Arthur C. Clarke, apresenta, logo no início, uma seqüência de cenas que apontam uma possibilidade acerca do surgimento das ferramentas. Como pode-se conferir a seguir:
A referida seqüência de cenas, não só demonstra hominídeos, em meio ao pliopleistoceno, desprovidos de recursos anatômicos, disputando condições de sobrevivência contra outros carnívoros, como também deflagra uma reflexão – até certo ponto sombria – acerca da tecnologia como uma panacéia, pertinente ao momento histórico da Guerra Fria (período do lançamento do filme): afinal, a primeira ferramenta seria uma arma?
Fica aí o convite a reflexão, contudo, o que é importante de ser ressaltado seria o fato de que as ferramentas
modernas mudaram radicalmente a maneira como nós – homo sapiens – vivemos.
"Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade" (Neil Armstrong) |
A
ida à lua pode ser um bom exemplo inicial para demonstrar nossa capacidade em
construir instrumentos que possam nos auxiliar a atingir âmbitos que, até então, ainda eram dados como impossíveis. Além deste exemplo, pode-se citar
também os meios de comunicação (como este blog que vos fala) que nos transmitem, em tempo real, informações
de longínquos lugares, bem como nos permitem que conheçamos e conversemos com
pessoas que não estão exatamente ao nosso lado.
Ademais, temos equipamentos capazes
de gravar e reproduzir músicas; os próprios instrumentos musicais que fazem tais
músicas; os utensílios domésticos que auxiliam no preparo e armazenamento de
comida; os brinquedos que distraem, divertem e ensinam crianças – e até adultos
–; as grandes máquinas que contribuem no plantio, na colheita, na produção
industrial, no transporte... Enfim, para onde se olha é possível identificar
ferramentas tecnológicas que, gradativamente, foram aumentando de complexidade
a partir de outras peças e artefatos confeccionados por nossos ancestrais.
HUMMMMM... FALE-ME MAIS SOBRE ISSO
A construção de ferramentas certamente é uma importante característica dos Homo sapiens que, junto com o bipedalismo, a conquista do fogo e a aquisição da fala, caracteriza-se como uma das grandes revoluções para o desenvolvimento de nossa espécie. Questão essa que pode ter favorecido, por tanto tempo, a premissa de que a utilização de ferramentas fosse uma exclusividade humana.
Atualmente há vários estudos que apontam casos de outras espécies fazendo uso de utensílios externos às suas capacidades... como nos mostra o seguinte vídeo:
Além do macaco-prego (apresentado no vídeo), há inúmeros outros casos documentados acerca do uso de ferramenta por animais: Corvos da Nova Caledônia que utilizam gravetos para ‘pescar’ insetos em buracos; Abutres egípcios que arremessam pedras em direção a ovos de avestruz, no intento de quebrá-los; Tentilhão pica-pau da Ilha de Galápagos que segura, com o bico, espinho de cacto para procurar insetos nas frestas de árvores; entre outros.
Entretanto, há também casos documentados como, por exemplo, o peixe arqueiro que cospe água como forma de caça, sendo esse comportamento dado como um uso de ferramenta.
Percebe-se aí uma necessidade de ajustar um limite para o que, de fato, pode – ou não – ser interpretado como ‘uso de ferramentas’ – ‘instrumentos’, ‘tecnologias’, ‘artefatos’ ou quaisquer outros termos que designem tal condição. Deste modo, entende-se aqui por ‘uso de ferramentas’ a manipulação de atributos externos ao corpo biológico, soltos no ambiente, cuja finalidade é contribuir na ampliação de suas capacidades, mediante o auxilio que esta oferece, em metas pré-determinadas.
Bom, então, ficamos por aqui...
Nããããããoooo! Ainda não!!! Em breve virão mais posts complementando o assunto... Por enquanto, aproveitando as informações que já foram passadas até aqui, sugiro as seguintes perguntas como convite a reflexão:
- Qual seria, de fato, o impacto da confecção
tecnológica em nossa espécie?
- Será que nós – enquanto Homo sapiens modernos – sabemos os melhores modos de utilizar os
produtos que criamos?
- As ferramentas, unicamente, apareceram em resposta a
demandas ambientais que exigiam adaptação ontogênica e, conseguintemente, tornaram-se
vantagens filogênicas?
- Se sim, que demandas seriam essas?
...até a próxima, pessoal!
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Para esse post foram consultados textos dos livros e artigos:
- "Fundamentos de Psicologia: Psicologia Evolucionista" (Organizado por: Emma Otta e Maria Emilia Yamamoto)
- "The Evolution of Human Intelligence" (Escrito por Renato Sabbatini)
- "Uso de ferramentas em primatas não-humanos" (Escrito por Eduardo Ottoni)
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