quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ser bom me faz bem... E PONTO!


É comum, para nós psicólogos, ouvir perguntas como: “o quê a Psicologia estuda?”

Cada um deve ter uma resposta na ponta da língua para esse tipo de pergunta ou, se não tem, fica todo embaraçado para responder. Muitas vezes, não porque não saiba responder, mas porque estudar Psicologia engloba uma gama de complexidades que dificultam na hora de sintetizar uma resposta rápida e satisfatória. 

Psicologia? Ah sim, claro! Bem... vejamos... ãhn... é... enfim!

Bom, em meu caso, eu costumo responder que “a Psicologia estuda o modo como os seres humanos moldam e são moldados por circunstâncias que nem sempre estão tão visíveis assim”.

Com efeito, é possível ainda que, logo em seguida, possa vir uma réplica: “mas se não estão visíveis, e eu sendo um ser humano, como posso ser um psicólogo?”

Minha resposta é rápida: EMPATIA!!!!!

Tudo começa pela empatia. Sair da sua posição e colocar-se na posição da outra pessoa. Enxergar o mundo como ela enxerga, permitir aflorar os sentimentos tal qual ela provavelmente sente, frente a situação específica. Exercitar essa capacidade tão refinada que é a empatia.

...e num é que é verdade mesmo!?!?!

Mas, aprofundando-se um pouquinho mais no tema, uma questão faz-se necessária: 

...E É ESSA TAL DE EMPATIA, HEIN!?

...SÓ HUMANOS A POSSUEM?

...PRA QUE ELA SERVE?

Éééééé... que perguntas mais enxeridas são essas, hein? Aaaahhhh... mas não pode-se abaixar a cabeça, não! Aqui a regra é a mesma do BOPE, diz aí Capitão Nascimento:

Missão dada É MISSÃO CUMPRIDA!

Positivo, senhor!

Começando pela parte mais fácil (lógico), quando se fala em empatia, sua definição vincula-se a capacidade de presumir/compreender/reconhecer os sentimentos, pensamentos, comportamentos do outro (como dito no começo desse post: colocar-se no lugar do outro).

A medida que a capacidade empática vai se aflorando, um desconforto impulsiona uma classe de comportamentos (simpatia, solidariedade, compaixão, preocupação, etc.), que por sua vez, tendem a mobilizar o sujeito a prestar auxílio àquela outra pessoa que necessita. Este auxílio, pode ocorrer de modo voluntário ou não.

A EMPATIA funciona como uma espécie de gatilho
para que comportamentos pró-sociais (solidariedade,
compaixão, carinho, altruísmo, etc.) aconteçam
É muito comum ler notícias nos jornais apontando para alguém que arriscou a própria vida para salvar a de outra, situações de catástrofes envolvendo várias pessoas recebendo doações, de desconhecidos, dos mais longínquos lugares... enfim, notificações de solidariedade e compaixão se tem aos montes pela mídia, pelo dia-a-dia.

Esses comportamentos (conhecidos como comportamentos pró-sociais) são possíveis, graças a nossa capacidade em nos contagiar com as necessidades alheias, nos colocar no lugar do outro... ou seja, cerveja EMPATIA!

Por muito tempo acreditou-se que a empatia tratava-se de uma característica essencialmente humana, no entanto, estudos recentes apontam esta competência como um atributo presente em macacos-prego, chimpanzés, bonobos e, até mesmo, em golfinhos e elefantes. 

Observar em outros animais essa capacidade de contagiar-se pelo humor de outrem, abre um leque de possibilidades e hipóteses para o entendimento da empatia. 

Ao pensar no parâmetro evolucionista do assunto, na espécie humana, percebe-se que esta habilidade foi importante para a coesão grupal, haja vista que tal competência favorece uma grande gama de comportamentos, como por exemplo: efeitos intergrupais de cooperação, comportamentos de zelo e proteção com o outro, interações mais agradáveis, diminuição dos conflitos grupais e respeito às normas de convívio social.

Para compreender melhor esse assunto, sob o ponto de vista da Psicologia Evolucionista, sugiro que assista o seguinte vídeo, com o primatologista Frans de Waal:


Por fim, a habilidade empática, sob um prisma da evolução, nos demonstra que possuímos uma capacidade em fazer o bem ao próximo, sem que isso haja necessariamente um ganho secundário... mas isso já é outro papo, que é melhor deixar para um outro post!

Por agora, lanço o desafio:

RESISTA A ESTA IMAGEM
oooouuuuunnnnn!!!!


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Para esse post foram consultados os seguintes livros, artigos e recursos áudio-visuais:
Conferência do sociólogo Sam Richards, no TEDxPSU
- "A era da empatia" (Autor: Frans de Waal)
- "Meninos pré-escolares empáticos e não-empáticos: empatia e procedimentos educativos dos pais" (Autores: Fabíola A. Garcia-Serpa, Zilda Del Prette e Almir Del Prette)
- "Empathic interactions between parents and children: an exploratory study" (Autores: Rafael Carvalho e Maria Lúcia Seidl-de-Moura)

5 comentários:

  1. Cuidado para não confundir empatia com altruísmo... claro qeu são conceitos que estão relacionados, mas uma coisa é ser empático, outra coisa é ajudar outrem sem se preocupar consigo (quando você fala de pessoas se arriscando para salvar outras, etc). Empatia é o reconhecimento de emoções que pode nos levar ao altruísmo, mas isso não é certo.
    Vale lembrar em como a mídia também apela para nossa empatia, mostrando depoimentos em situações de catástrofe ou de dramas pessoais, que não teriam efeito caso não tivéssemos empatia!

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    1. Fiz modificações no post, para tentar melhorar o que salientou!

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  2. Hmmmm... infelizmente não deve ter ficado claro no texto, mas minha noção era a de passar que a EMPATIA é uma espécie de disparate para os comportamentos pró-sociais (entre eles o altruísmo)!!!

    Ou seja, a EMPATIA é o início disso tudo... nesse trecho aqui eu falo isso:
    "A medida que a capacidade empática vai se aflorando, um desconforto impulsiona uma classe de comportamentos (simpatia, solidariedade, compaixão, preocupação, etc.), que por sua vez, tendem a mobilizar o sujeito a prestar auxílio àquela outra pessoa que necessita. Este auxílio, pode ocorrer de modo voluntário ou não."

    Ou seja... "uma vez a empatia despertada, desperta-se um rol de comportamentos... entre eles o Altruísmo"!!!

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  3. Empatia nada mais é que a capacidade lógica de um ser de supor as condições psicológicas de outro, e entender as limitações biológicas dele e imaginar as possíveis reações desse ser, dada uma circunstância específica. Exemplo: penso que fulano está feliz ou triste baseado no tom de voz dele, ou pelas feições dele, ou pelas palavras. Quanto mais empatia, maior é a capacidade logica do "empático" (?) de "adivinhar" como o outro se sente, ou se ele está mentindo. Detectar mentirosos e manipular e prever atitudes das pessoas são coisas tidas como de psicopatas, mas eles demonstram extrema inteligência lógica (empatia) ao fazer essas adivinhações e até previsões das atitudes das pessoas! Quanto mais racional (empatia), mais psicopata e mais habilidoso na arte da empatia! Eis um belíssimo sinal de inteligência. Claro que há psicopatas e psicopatas; desde CEOs e palestrantes motivacionais até a caras que saem metralhando gente por aí...

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    1. Não é tão simples assim! Empatia não depende apenas de percepção e racionalização do que é visualizado... pois se fosse assim, pessoas cegas não seriam empáticas! Ela tem a ver com a interação que ocorre, levando-se em conta que o aperfeiçoamento do repertório empático depende tanto de questões ontogenéticas quanto filogenéticas.

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