Para iniciar, sabendo do meu
interesse por relacionamentos claro, depois de ter levado tanto pé na bunda,
resolvi escrever um pouco sobre os arrependimentos que homens e mulheres sentem
nas suas relações casuais e nos relacionamentos de longo prazo, inclusive
citando um estudo americano em que algumas características/atributos do(a)
parceiro(a) também foram levantados.
Arrependemos-nos de muitas coisas
em nossas vidas: de não ter visto um parente antes de sua morte (do parente,
claro); de ter escolhido o curso errado na faculdade; de não ter feito
tratamento para calvície (caso real); de ter se envolvido sexualmente com uma
ninfomaníaca ainda não perdi as esperanças, etc. Estes arrependimentos
vêm, geralmente, acompanhados de culpa, frustração, sentimento de impotência, raiva...
E, aparentemente, estes arrependimentos pioram quando falamos em
relacionamentos amorosos, devido à alta carga energética que investimos nas
relações. Mas será que existem diferenças entre os arrependimentos de homens e
mulheres no mundo ingrato do amor?
Este é um belo exemplo de arrependimento de ação e inação: de ação por ter feito esse álbum e de inação por não ter ido ao cabeleireiro antes dessa foto |
Já nos relacionamentos sexuais
casuais, há diferenças mais extremas entre os arrependimentos de homens e
mulheres: aqueles sentem mais arrependimentos de inação (arrependimento de não
terem feito sexo com uma mulher), enquanto estas sentem mais arrependimentos de
ação (por terem feito sexo com um homem). Os homens podem sentir mais
arrependimento de não terem feito relação casual com uma mulher porque “essa é
a função do homem” ou “não faço mais do que minha obrigação”, e se a mulher for
bonita, ouve-se o “o que eu poderia fazer? Negar sexo pra aquela gata?”. Já
para mulher, fazer sexo casual pode ser frustrante para sua reputação com
outros homens; ou ainda fizeram sexo por serem mais frágeis fisicamente ou por
terem caído no “conto do vigário”, causando arrependimentos.
Para tentar entender um pouco
mais destes fenômenos, vamos beber um pouco da fonte das teorias de estratégias
sexuais, que apontam diferenças entre homens e mulheres na escolha e manutenção
de parceiros:
- Diferenças de gênero no
investimento parental: Enquanto as mulheres ao longo da história evolucionária
humana tiveram que suportar os bebês por 9 meses, alimentá-los e cuidá-los,
para os homens coube o papel de “gozar” e, no máximo, sair em busca de recursos
(como alimentos) para os “pequerruchos”;
- Diferenças de gênero na
quantidade de parceiros sexuais: Para o homem ancestral ter múltiplas parceiras
sexuais significava um grande sucesso reprodutivo, pois se fizesse sexo com 10
mulheres poderia significar 10 filhos num período de 9 meses, garantindo assim o
aumento de sua prole. Já para a mulher ter 10 parceiros sexuais não significava
um maior sucesso reprodutivo, pois por mais que fizesse sexo com todos os
parceiros, sua prole continuava sendo de 1 filho em 9 meses. Ou seja, não há benefício
algum em manter tantos parceiros, muito mais benéfico ter um (ou poucos), mas
que possam contribuir na criação do filho;
Este é um belo filme para quem quiser conhecer mais profundamente (rs) as estratégias sexuais do homem ancestral. |
Aí podemos imaginar o porquê dos
homens sentirem tanto arrependimento de inação quanto aos relacionamentos
sexuais casuais... E as mulheres de terem arrependimentos de ação nos
relacionamentos de curto prazo. O período fértil feminino é curto (hoje, até
por volta dos 40 anos), então não se pode “perder tempo” com homens que buscam
sexo e nada mais. Desde a invenção dos métodos contraceptivos, no entanto, a
mulher tem mais liberdade para desfrutar o sexo casual sem ter uma gravidez
indesejada. Sem este “ônus”, é provável que haja com o passar do tempo uma
menor diferença entre os sexos no que tange o desejo por sexo casual.
Eike Batista, no mundo ancestral, faria um enorme sucesso entre as mulheres devido aos recursos que ele poderia disponibilizar (Eike: se ler isso me adote). |
Estes dados sugerem que a herança
de nossos ancestrais influi de alguma maneira sobre o comportamento da pessoa
contemporânea, seja homem ou mulher. O homem ancestral que não se esforçou em
copular com mulheres saudáveis e atraentes provavelmente não passou seus genes
“pra frente”. Já mulheres que não se envolveram com homens com bons recursos,
não conseguiram ter tanto sucesso reprodutivo. Ao contrário, mulheres que
fizeram sexo casual com homens descompromissados provavelmente se arrependeram
quando se viram sozinhas, cheias de filhos pra criar e sem suporte.
Arrependimento, embora seja uma
situação desagradável, tem uma função: motiva as pessoas a corrigir os erros de
suas ações. Estes achados podem indicar a “adaptação do arrependimento”, que
ajuda homens e mulheres a buscar/evitar potenciais parceiros de curto ou longo
prazo, de acordo com quem é ou tenha sido reprodutivamente mais benéfico.
Para saber mais:
COATS,
S.; HARRINGTON, J. T.; BEAUBOUEF, M.; LOCKE, H. Sex Differences in
relantionships regret: the role of perceived mate characteristics. Evolutionary
Psychology, v. 10, n. 3, p. 422-442, 2012.
ROESE,
N. J.; PENNINGTON, G. L.; COLEMAN, J.; JANICKI, M.; LI, N. P.; KENRICK, D. T.
Sex differences in regret: All for love or some for lust? Personality and Social Psychology Bulletin,
v. 32, p. 770-780, 2006.
SCHIMITT,
D. P ; et al. Universal sex differences in the desire for sexual
variety: tests from 52 nations, 6 continents, and 13 islands. Journal of
personality and social psychology, v. 85, n. 1, p. 85-104, 2003.