Olá pessoal!
Esta semana uma amiga me perguntou por que nós homens (heterossexuais) olhamos para o "bumbum" das mulheres quando estas passam por nós. Realmente, uma boa parcela dos homens olha para os atributos das mulheres, e os que não olham geralmente estão sob controle de estímulos
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Bem que a seleção natural poderia
ter moldado nosso pescoço a girar assim
kkkk pouparia torcicolos |
(tipo a namorada ao lado, risos).
A mesma amiga me perguntou o porquê das mulheres olharem (geralmente) para as mãos dos homens em busca de algum anel que denote possível compromisso. Ambas as possibilidades (a do bumbum e a do anel) são concepções e representações repetidas pelo senso comum (não era a primeira vez que ouvia algo do tipo). Será que há algum embasamento para que alguns - ou a maioria dos - homens e mulheres tenham esse comportamento? Já ouviram que mulheres gostam de homens com ombros largos? Já ouviram dizer que homens gostam de mulheres que apresentem uma diferença entre quadril e cintura de 0,7 (no caso de quadril de 100cm, a cintura deveria ser de 70 cms; para quadril de 90 cms, uma cintura de 63cms)? Será que a Psicologia Evolucionista poderia nos ajudar nessa bomba dúvida?
Quanto ao BUMBUM: Há diversas compreensões que podem ser apreciadas para entendermos esta preferência - especialmente por parte dos brasileiros -, em relação aos atributos traseiros das mulheres:
- Do ponto de vista filogenético, mulheres com gordura acumulada no bumbum seriam mais saudáveis que aquelas com gordura acumulada na cintura. O sucesso reprodutivo seria um ótimo reforçador para que machos procurassem fêmeas com essas "qualidades" físicas.
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Oi melancia vc vem sempre aqui? rsrss
legal sua bola vermelha, me empresta |
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C:\Users\Tiago\Documents\
planilhas\gráficos chatos\re
latórios\pasta3\Ellen_Roche_
playboy
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- Já no ponto de vista fisiológico, corroborando o ponto de vista filogenético, a gordura localizada no bumbum é usada para a geração do feto (essa é uma das explicações do motivo pelo qual a nádega feminina ser maior que a masculina). Portanto, desbundadas efetivamente, mulheres com bumbum menor não teriam tanto sucesso reprodutivo quanto às mulheres com bumbum maior. Num ambiente ancestral hostil, sem os atuais hospitais, remédios e conhecimento da pediatria, filhos fortes nascidos de uma gestação saudável teriam maior possibilidade de sobreviver e continuar a perpetuar os genes (no caso, das bundudas).
- O ambiente cultural/social em que vivemos, ao menos aqui no Brasil, reforça a valorização do bumbum. Carnaval, praia, bikini, propagandas de cerveja, revistas masculinas e afins colocam o bumbum feminino num "pedestal". Sabendo que os homens possuem inclinação a escolher parceiras(os) - hetero ou homo - pela aparência (Legenbauer et al, 2009); um endeusamento do bumbum como um pré-requisito de beleza pode supervalorizar essa deliciosa parte do corpo feminino.
- Teorias de que os homens brancos na época da escravatura praticavam sexo anal com as escravas negras com o intuito de não engravidá-las também podem ajudar a explicar o apreço brasileiro pelo bumbum. Essa prática pode ter durado décadas ou até mesmo séculos, ajudando a perpetuar uma cultura de dominação do homem branco e livre contra a mulher escrava e submissa (que por acaso, não findou com término da escravatura, visto que os negros após a libertação pela Lei Áurea continuaram a viver às margens da sociedade...).
A interinfluência destes fatores supracitados podem trazer explicações plausíveis para o gosto masculino/brasileiro por BUNDAS!
Quanto a uma possível obsessão de algumas mulheres pelas mãos dos homens (no intuito de encontrar sinais de algum compromisso conjugal), acredito que possa estar ligada à história filogenética feminina de exclusividade sexual/emocional, comportamento este muito mais benéfico para as mulheres (visto que dividir a atenção do homem com outra[s] mulher[es] poderia ser altamente prejudicial à sobrevivência e criação dos filhos).
Sabendo de uma maior inclinação masculina à infidelidade, envolver-se sentimental e sexualmente com um homem casado pode trazer uma grande dor de cabeça, acabando com planos de relacionamento estável, casamento, filhos e etc. Obviamente que nem todos os envolvimentos femininos, ainda mais na contemporaneidade, objetivam um relacionamento estável. Com a maior autonomia, devido à evolução social e aos métodos contraceptivos, muitas vezes é somente sexo que estas mulheres estão procurando mesmo.
[ATUALIZAÇÃO: o colaborador do Blog André Thieme fez um comentário muito pertinente neste post: No texto parece que o fato da mulher olhar para a mão de um homem - e encontrar um anel de compromisso - signifique, automaticamente, EXCLUSÃO (como se isso fosse o suficiente para a mulher não procurar o homem compromissado). E não é bem isso que vemos no cotidiano. Mesmo sabendo que o homem é compromissado, muitas mulheres procuram e mantêm relacionamento com ele. Essa tendência de algumas mulheres em ir atrás do homem casado pode estar ligada à possibilidade deste homem ter recursos para manter uma relação. Ter um compromisso sério com alguém pode ser um sinal de que há chances de manter outro compromisso sério novamente.]
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Pô, Cadinho, tu não sossegas o faxo
mesmo né? |
Agora vamos à preferência de mulheres por homens com ombros largos.
Sabe-se, até pelo senso comum, que há um dismorfismo - por vezes gritante - entre homens e mulheres:
estas são em média menores, mais leves, possuem músculos menos avantajados, etc;
aqueles são em média maiores, mais fortes, mais "musculosos", rápidos, etc.
Se analisarmos nossa história filogenética e pensarmos na seleção sexual proposta por Darwin, homens fortes tinham muito mais chances de sobreviver no hostil cotidiano ancestral do que homens mais fracos.
Assim, os fortões tinham um diferencial reprodutivo grande: conseguiram caçar mais e melhor; conseguiam proteger o grupo, a família, a mulher e os filhos dos rivais, de outros animais, etc.
Logo, ombros largos, característica peculiar de homens fortes, seria um "ornamento" procurado e desejado pelas fêmeas. Com sucesso reprodutivo maior, seus genes passariam para seus descendentes, que teriam maior sucesso reprodutivo. E o ciclo continuava...
"Ah Tiago, quanta baboseira! Eu sou mulher e nem gosto de homens fortes, com ombros largos" (sic).
Vale salientar que essa análise filogenética não é determinista. Até porque devemos considerar a ontogenética: vivemos num outro tempo, com outro ambiente, outras demandas, outra cultura e, principalmente, com nossa história pessoal. Mas certas heranças ainda aparecem:
Pesquisa de Debruine, Jones, Crawford, Welling e Little (2010) fez uma ligação entre a SAÚDE DE UMA NAÇÃO e a preferência de mulheres por rostos masculinos.
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Os traços do Mmmbop ba duba dop, Ba du bop, ba duba dop faz mais sucesso em países com sistema de saúde eficiente |
Mulheres que residiam em países desenvolvidos e com um Sistema de Saúde eficiente tinham preferência por homens com rostos mais delicados; Belgas e Escandinavas mostram maior interesse por esse tipo de homem.
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Se não bastasse o cara ser bonitão ainda se chama "Rico" e o sobrenome é "Mansur". Ah, me poupe |
Já mulheres residentes em países em desenvolvimento - como o Brasil -, com sérios problemas com o sistema de saúde, de saneamento, riscos de contaminação, etc têm preferência por homens mais másculos, com traços mais "grosseiros" (leia-se homens com queixo largo, nariz grande, barba, forte, "cara de mau", etc). Mulheres argentinas, mexicanas e búlgaras também mostraram interesse por este tipo de homem tipo eu, envio foto de corpo inteiro em anexo
Vamos beber um pouco das fontes evolucionistas: mulheres que residem em países com problemas com seu sistema de saúde (ou seja, ambiente que pode ser perigoso, hostil) preferem homens que indiquem melhor saúde. Assim como as mulheres ancestrais, traços fortes e grosseiros podem indicar uma boa saúde e bons genes. Sem falar que mulheres de países em desenvolvimento, onde ocorre a maior parte dos problemas de saúde, possuem geralmente menor escolaridade e menos acesso ao trabalho, muitas vezes precisando de um homem provedor que dê conta dessas demandas para manutenção do lar (o que pode interferir na atração pelo sexo oposto). Estes homens (os ogros) também são os preferidos nas aventuras extra-conjugais em qualquer parte do globo (vide os michês, geralmente homens fortes, musculosos não que eu saiba um amigo meu me falou ).
Já nos países mais desenvolvidos - ao menos no seu sistema de saúde - mulheres parecem procurar semelhantes - homens com traços mais "femininos"-, que sejam companheiros e ajudem a cuidar dos filhos. Mulheres destes países geralmente têm mais acesso ao estudo e ao mercado de trabalho, não necessitando de um homem provedor, cuidador ou afim (não quero dizer que um homem com traço mais delicado não possa exercer este papel, tampouco que um homem com traço mais grosseiro não possa ser companheiro e delicado).
O Brasil, dentro de sua rica complexidade e multiculturalidade, pode - e deve - apresentar estes dois modelos (dentre outros mais) de preferência feminina.
Talvez a região, nível sócioeconômico, cultural, dentre outros critérios possam explicar melhor algumas coisas. Acredito que o gosto de algumas mulheres por homens com ombros largos pode advir dessa herança filogenética que inclina a mulher a ter atração por homens fortes que proporcionem segurança.
Aproveito este finalzinho de post para falar sobre as quase sempre más expectativas sobre NOSSOS CORPOS.
Pesquisas como as de Fallon e Rozin (1985) e de Swami et al (2010) indicam uma grande diferença entre percepção (principalmente feminina) de corpo real e ideal. Mulheres possuem uma tendência a imaginar que o CORPO ATUAL é discrepante (maior) do CORPO IDEALIZADO como atraente. E esse corpo considerado atraente é, por sua vez, considerado maior que o corpo IDEAL.
Ou seja, há um grande saldo da auto-percepção atual para o corpo "ideal". O engraçado é que na pesquisa de Fallon e Rozin (1985) os homens declararam que o corpo feminino ideal é maior do que elas relataram que os homens achavam que seria.
Ou seja: os dados nos levam a crer que existe uma cobrança que está indo de encontro à preferência do sexo oposto. Parece-me que a mídia e as revistas femininas buscam uma forma de beleza - a magreza por vezes excessiva - que na verdade não é desejada. As incidências de anorexia e bulimia, maiores em mulheres, podem ser sintomas dessa "ditadura da magreza".
Outro estudo interessante (Oehlhof, Musher-Eizemann, Neufeld & Hauser, 2009) nenhum dos homens pesquisados queria ser "menos musculoso". Mas grande maioria desejava ter um corpo mais musculoso do que tinha no momento.
CONCLUSÃO:
Muito além de qualquer tipo de inclinação/preferência do outro sexo, vivemos num mundo em constante mudança. Ou seja, preferências atuais podem não ser as mesmas daqui a alguns anos ou décadas.
Mulheres que não se encaixam num estereótipo de beleza dominante, peço que não se acanhem: muitos homens também buscam características que ultrapassam uma bunda de "mulher fruta". O mesmo recado vale para o homem que não possui as características físicas socialmente desejadas pelas mulheres (como os ombros largos).
Homens podem gostar de magrinhas, gordinhas, medianas, loiras, negras, ruivas...
Mulheres podem gostar de barrigudos, sarados, baixinhos, altos, carequinhas (assim espero)...
Que tal investirmos em nossas características próprias e aceitarmos nossas peculiaridades ao invés de sofrermos sendo quem não somos? A auto-confiança também é um fator que pode ser atraente pra muita gente. Se não para todos.
Para saber mais:
http://olharbeheca.blogspot.com.br/2010/02/analise-do-dia-bunda.html
Fallon, A. E.; Rozin, P. (1985). Sex differences in perceptions of desirable body shape. Journal of Abnormal Psychology, 94 (1), 102-105.
Swami, V. et al. (2010). The attractive female body weight and female body dissatisfaction in 26 countries across 10 world regions: results os the internacional body project I. Personality and Social Bulletin, 36 (3), 309-325.
Oehlhof, M. E. W.; Musher-Eizemann, D. R.; Neufeld, J. M.; Hauser, J. C. (2009). Self-objectification and ideal body shape for men and women. Body Image, 6, 308-310.
Legenbauer, T.; et al. (2009). Preference for attractiveness and thinness in a partner: Influence of internalization of the thin ideal and shape/weight dissatisfaction in heterosexual women, heterosexual men, lesbians, and gay men. Body Image, 6, 228-234.
DeBruine, L. M.; Jones, B. C.; Crawford, J. R.; Welling, L. L. M.; Little, A. C. (2009). The health of a nation predicts their mate preferences: cross-cultural variation in women’s preferences for masculinized male faces. Proceedings of the Royal Society, 2010.